O ceratocone é uma doença que acomete a córnea, causando afinamento, protrusão e distorção progressiva dos tecidos.
Comumente, afeta os dois olhos, mesmo que de forma assimétrica. Com o passar do tempo, a visão se torna cada vez mais embaçada e a correção do problema com óculos ou lentes de contato passa a não ser mais possível.
Apesar de não existir cura para o ceratocone, alguns tratamentos podem ser empregados para retardar a evolução da doença e melhorar a capacidade visual, como o implante de anel corneano e o crosslinking (ou crosslink).
Hoje, vamos entender um pouco mais sobre o crosslinking da córnea, uma técnica que usa um colírio e luz ultravioleta para fortalecer o colágeno e reduzir a progressão do ceratocone.
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Indicação de crosslink
O crosslink de córnea é indicado em casos de ceratocone leves ou moderados, em que a doença está progredindo. O ideal é fazer o procedimento enquanto a córnea ainda não apresenta muita irregularidade e antes de um comprometimento visual significativo.
São sinais de progressão:
- piora nas medidas de curvatura realizadas por meio da topografia de córnea;
- aumento da miopia;
- piora da visão.
O crosslink pode ser combinado com outros tratamento, como o implante de anel corneano, por exemplo, em casos mais avançados.
Como funciona o crosslink?
O crosslink aumenta o número de ligações químicas entre as fibras de colágeno da córnea, conseguindo que ela se torne mais rígida e resistente. Dessa forma, ocorre uma estabilização do quadro, interrompendo a progressão do ceratocone.
Para produzir a reação química entre as fibras colágenas, são necessários:
- Agente fotoindutor: um colírio de riboflavina (vitamina B2) é utilizado para induzir a reação química do crosslink. Porém, para que a medicação seja melhor absorvida, é necessário remover o epitélio (camada superficial de células da córnea).
- Luz ultravioleta: a riboflavina absorve a luz UV e produz moléculas de radicais livres que induzem as ligações entre as fibras.
Exames pré operatórios
Além da consulta completa, os seguintes exames complementares são necessários antes do procedimento:
- topografia corneana: mapeia o formato da córnea;
- paquimetria: mede a espessura da córnea.
Resultados do crosslink
O crosslink consegue uma estabilização do quadro e evita a progressão do ceratocone na maioria dos adultos, com melhora da visão e do formato da córnea.
Entretanto, as crianças podem voltar a apresentar uma evolução tardia do ceratocone.
Os pacientes devem ser acompanhados de 3 em 3 meses durante o primeiro ano e de 6 em 6 meses a partir do segundo ano.
Segurança do procedimento
O crosslink apresenta pouco risco de complicações. Porém, como todo procedimento cirúrgico, pode ocorrer infecção, defeitos na cicatrização e embaçamento da visão.