Por ser uma doença silenciosa, o glaucoma crônico apenas é suspeitado durante uma consulta oftalmológica. Durante o exame, o oftalmologista consegue detectar alterações na pressão ocular, ou no aspecto do nervo óptico. Quando isso ocorre, a suspeita da doença leva ao pedido de exames complementares para aprofundar a avaliação.
Existem diversos exames para avaliar o comportamento da pressão ocular, o nervo óptico, a camada de fibras nervosas da retina e o campo de visão do paciente. Cada um deles fornece pistas importantes e, juntos, ajudam a definir o diagnóstico.
Alterações suspeitas de glaucoma
Durante o exame oftalmológico, alguns sinais podem indicar que o paciente tem glaucoma, como:
- elevação da pressão ocular acima de 21 mmHg;
- aumento da escavação do nervo óptico;
- assimetria entre a escavação dos nervos ópticos dos dois olhos.
Esses sinais, quando detectados em pacientes que apresentam outros fatores de risco para a doença, são ainda mais preocupantes.
Fatores de risco para glaucoma
- idade acima de 60 anos;
- raça negra;
- familiares portadores de glaucoma;
- diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial e anemia falciforme;
- alta hipermetropia ou miopia;
- história de trauma ou cirurgia ocular prévia;
- uso prolongado de corticosteróides, principalmente colírios;
- uso prolongado de anticoncepcionais.
Exames complementares
Quando existe a suspeita de glaucoma, exames adicionais podem contribuir para o diagnóstico. São eles:
Curva de pressão ocular
Durante a consulta oftalmológica, é feita uma medida isolada da pressão ocular. Existe, porém, uma variação normal dos valores de um dia para o outro, e também ao longo do mesmo dia. Um paciente pode ter uma pressão alterada pela manhã e perfeitamente normal à tarde, ou vice-versa.
Por esse motivo, é importante usar algum método para obter várias medidas, realizando consultas sucessivas em horários diferentes, ou a curva diária de pressão. Durante a curva, o paciente permanece na clínica durante parte do dia, realizando várias medidas em horários programados.
Teste de sobrecarga hídrica
Durante o teste de sobrecarga hídrica, o paciente ingere 1 litro de água entre as medidas da pressão ocular. O aumento da quantidade de líquido dentro do olho cria uma sobrecarga do sistema de escoamento. Se houver alteração da drenagem, a pressão ocular irá subir.
Retinografia
A retinografia é uma foto colorida do fundo de olho, que documenta o nervo óptico e a retina. Durante o exame, podem ser utilizados filtros especiais para observar defeitos na camada de fibras nervosas.
Créditos de imagem: Wikimedia Commons
Tomografia de coerência óptica (OCT)
A tomografia de coerência óptica utiliza um feixe de luz para obter imagens em cortes da retina e do nervo óptico, possibilitando o exame de suas camadas.
É o exame que tem evoluído mais rapidamente e trazido avanços importantes para o diagnóstico do glaucoma. Ele auxilia muito nos casos precoces, nos duvidosos e é uma ferramenta muito útil para o acompanhamento da doença.
Créditos de imagem: Wikimedia Commons
Campo visual computadorizado
O exame de campo visual avalia funcionalmente a visão, mostrando alterações periféricas e centrais típicas do glaucoma. O paciente fixa a visão em um ponto central no aparelho e aciona o gatilho todas as vezes em que aparecem pontinhos luminosos no seu campo de visão.
É um exame que exige concentração e aprendizado, muitas vezes requerendo repetição nas primeiras vezes em que é realizado.
O diagnóstico do glaucoma
O diagnóstico do glaucoma é como um quebra-cabeça. Não existe um exame que, por si só, consiga definir se a pessoa tem ou não a doença, exceto em casos avançados.
A avaliação das alterações encontradas durante a consulta, dos resultados de exames complementares, da história prévia e familiar do paciente fornece algumas pistas. Cada um dos exames contribui com alguns dados e, juntamente com a experiência do especialista, definem o diagnóstico.
Em alguns casos, mesmo com todos os exames e avaliações, ainda permanece a dúvida e a classificação é mantida como ‘suspeita de glaucoma’. Nesses pacientes, um acompanhamento periódico é primordial para garantir a saúde ocular e a detecção precoce de alterações que venham a surgir.