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Ambliopia: o “olho preguiçoso”

Ambliopia: o “olho preguiçoso”

Dra. Carolina Paes assinatura

A palavra ambliopia origina-se do grego e significa visão fraca. Em termos práticos, ela é a diminuição da acuidade visual pelo não desenvolvimento da visão.

Todos nós nascemos com os olhos formados. Porém, “enxergar” é uma interação delicada entre o olho e o nosso cérebro. O sentido visão, portanto, precisa do centro visual do cérebro desenvolvido e é na primeira infância que isso ocorre.

Vários fatores, que impedem que a imagem chegue adequadamente ao cérebro, causam a não estimulação da visão. Assim, mesmo que o olho seja estruturalmente perfeito, a pessoa com ambliopia não irá enxergar com a mesma nitidez que uma pessoa não-amblíope.

Quadro clínico

É uma condição muito comum na infância e é popularmente conhecida como “olho preguiçoso”. A criança tem embaçamento visual em um, ou ambos os olhos, e que muitas vezes passa despercebida. Por isso a importância do exame de rotina na infância.

Causas e fatores de risco

São três as causas da ambliopia:

  • estrabismo;
  • erros refrativos (grau de óculos elevado ou diferença de grau entre os olhos);
  • ambliopia por privação visual (exemplo catarata congênita ou ptose congênita que oclui o eixo da visão).

O estrabismo cursa com essa baixa visão, pois o cérebro, a fim de evitar a diplopia (visão dupla), suprime o olho desviado e não desenvolve, portanto, o centro da visão.

O mesmo princípio ocorre nos erros refrativos. A imagem distorcida que chega na retina não estimula os neurônios e a visão central não forma corretamente. As privações visuais precoces, como catarata ou ptose, por exemplo, são as ambliopias mais severas.

O principal risco da ambliopia é quando seu diagnóstico é tardio. Até os 7 anos de idade, nosso cérebro tem o que chamamos de plasticidade neuronal. Isto é, os neurônios ainda conseguem ser estimulados e a ambliopia pode ser revertida com o tratamento adequado.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito no consultório. Com um exame oftalmológico adequado, nota-se a baixa visão.

Tratamento da ambliopia

O tratamento clássico da ambliopia é com uso de oclusores (tampão ocular). A ideia é tampar o olho bom a fim de obrigar o olho “ruim” a ser usado e estimulado.

O tampão não tem a finalidade de corrigir o desvio ocular, mas sim substituir a cirurgia do estrabismo, ou suspender o uso de óculos. Ele é um tratamento coadjuvante e muito eficaz da ambliopia.

Erros refrativos também devem ser corrigidos por meio da prescrição de óculos. Catarata, ptose ou outras causas de privação visual devem ser tratadas primeiramente para, depois, fazer a estimulação visual.

O uso de tampão não tem receita mágica e deve ser tateado de acordo com a experiência do seu oftalmologista. Alguns preferem tampar o olho algumas horas por dia, outros já prescrevem o tampão para usar o dia todo. E também não tem tempo máximo ou mínimo.

O tratamento pode durar vários anos, mas o mais importante é o início precoce. Quanto antes identificado, melhor o resultado e prognóstico visual.

Complicações

Uma ambliopia não tratada na primeira infância pode ser irreversível. O adulto amblíope não se beneficia do tampão pois o cérebro já não tem a plasticidade neuronal da infância.

Um adulto também não se torna amblíope em caso de catarata ou alguma outra alteração que cause uma privação visual momentânea.

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